segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Weitz fala de ‘Lua Nova’


Fonte: Boxoffice Tradução: Clara Alves
Weitz fala de ‘Lua Nova’ – Nós tivemos a chance de falar com Chris Weitz, o diretor de A Saga Crepúsculo: Lua Nova, da Summit.
Tudo começou com uma torta. Uma vez que Chris Weitz e seu irmão Paul defloraram a sobremesa em American Pie de 1999, eles se tornaram dois dos mais procurados diretores em Hollywood. Embora ele mal estivesse fora dos seus 20 e poucos anos, Chris Weitz era esperto o suficiente para não desperdiçar a oportunidade, e ao invés de assinar para continuar com as sequências (sete, contando as partes direto para o DVD), ele se estendeu para dirigir passagens mais literalmente adultas como Down to Earth de Chris Rock e About a Boy, a adaptação do livro de Nick Hornby, conduzido por Hugh Grant. Weitz investiu os próximos vários anos no projeto pelo qual era apaixonado — o filme de fantasia de grande orçamento A Bússola de Ouro — mas o contexto não religioso do filme, ligado com as altas ambições de Weitz e ansiedade do estúdio condenaram o lançamento americano. Mesmo que os 372 milhões de dólares arrecadados no mundo todo justificassem os 180 milhões estimados do orçamento, sua relativamente baixa arrecadação nos EUA levou todos os envolvidos a recuar do que uma vez foi considerada uma franquia segura. Mas com a Saga Crepúsculo: Lua Nova, Weitz tomou as rédeas de outra franquia sensacional, e ele está seguro de conduzi-la para sucessos de bilheteria. Weitz fala com a BOXOFFICE sobre o poder de histórias de rompimentos e sobre a gratidão de sua família aos vampiros — uma linhagem que se estende até os seus avós.
Como você dirige um filme quando todos a história e o fim?
De certa forma, isso é uma vantagem. As pessoas conhecerem e amarem o livro significa que conhecem e querem ver o filme, que é o que você espera quando você está fazendo um filme. É um bom equilíbrio entre ser tão fiel quanto possível ao espírito do livro, e trazer mudanças. Eu me considero tão fã quanto qualquer outro, e a forma como eu vejo o livro na minha cabeça é como a habilidade de qualquer outro fã, exceto que eu tenho dezenas de milhões de dólares à minha disposição para realizar essa visão. Alguns esperam que essa seja uma visão forte o suficiente do livro, e que as pessoas se encantem, se entretenham e se divirtam mesmo que eles saibam como as coisas vão terminar.Uma das minhas teorias de conspiração favoritas de Lua Nova é de que os produtores estão obrigando Kristen Stewart e Robert Pattinson a manterem o seu amor em segredo, porque isso afetaria a forma como as pessoas perceberiam a história, mesmo que a história já seja conhecida até os próximos dois livros.
Os fãs sabem como os Volturi são ou como o corpo impressionante de Taylor Lautner como Jacob Black vai parecer — os produtores sabem que essas coisas são grandes focos de curiosidade mesmo se conseguimos ser fiéis às noções das pessoas. E eles querem analisar essas coisas durante algum tempo. (Risos) É uma conspiração, mas essa conspiração é chamada de marketing.
Existem tantos filmes sobre vampiros, romances de vampiros, romances adolescentes — o que o triângulo amoroso de Twilight tem que catalisou esse fenômeno?
Para mim, isso tem muito menos a ver com vampiros e lobisomens do que com as situações emocionais prontamente identificáveis. Bella tem uma escolha entre o amigo amável que está próximo, e o objeto distante e inalcançável de suas afeições. Esse é um cenário bastante comum, e infeliz também, então está sendo abordado. Eu sei que eu já tive essa experiência — basicamente ninguém, exceto uma pessoa incrivelmente sortuda já teve essa experiência — e os elementos sobrenaturais das coisas apenas permitem por um grau de desejo de satisfazer. Nós podemos representar esses cenários em grande escala. Quando você tem um relacionamento terminado, você gostaria de pensar que se você fizesse algo corajoso o bastante, suficientemente impressionante, você poderia resgatar o relacionamento que acabou. E você gostaria de pensar que a pessoa que te deixou, te deixou para o seu próprio bem, contra o coração dela. Esse normalmente não é o caso, mas em Lua Nova isso acontece, então é uma maneira amável de satisfazer os desejos de alguém. Uma ótima coisa que a Summit, como um estúdio entende é que existem lugares escuros que o filme precisa ir na intenção de que tudo dê certo. Eles não estão com medo da angústia e da tristeza que há no livro. De certa forma, o filme pode ser um regresso a filmes tanto meio sentimentais quanto bem ousados em relação a efeitos especiais.
Ele tem esse tom lírico que é como um tema para qualquer um com um coração partido.
Nós provavelmente iremos colocar um dos melhores álbuns de mix de rompimentos de todos os tempos na trilha sonora. Alexandre Desplat fazendo a música significa que há esse senso de romantismo francês que vai de volta ao mentor de Alexandre, Maurice Jarre e tudo que ele fez pelos filmes de David Lean — voltando a Debussy e Ravel, e esse tipo de coisa. Tem muito de luxuriante no sentimentalismo da peça. Eu acho que eu agora devo adicionar nesse ponto, que tem coisa legal para garotos também. Mas deixemos isso de lado nesse momento.
Você falou um minuto atrás sobre Pattinson ser um “homem inalcançável”. Nós sempre vemos histórias sobre homens perseguindo uma mulher. É raro ver histórias aonde uma mulher realmente persegue um homem, e quando você vê, normalmente é tratado como All About Steve, aonde ele vai para o lado de comédia.
Farsa.
Exatamente. Você sempre ouve sobre fixação masculina em filmes, mas nesse parece haver uma forte fixação feminina. Um dos pré-requisitos é quantas vezes Pattinson e Lautner tiram suas camisas.
Está lá no script, e este é realmente um destinado as mulheres, sério. As mulheres tem sido o alvo principal dos filmes em Hollywood. E ainda há um certo tipo de castidade para a objetificação em Crepúsculo e Lua Nova. Uma abordagem é esperançosamente com um pouco de tato, não apenas como um exercício de pegação fútil. Você espera que quando você está filmando algo de nudez acima da cintura, que isso se ajuste a exigência do momento, isso não está lá só por estar. Dito isso, eu acho que nós viemos à Comic-Con com muitos músculos e foi realmente divertido de ver a reação que isso causou. Eu tenho tentado fazer filmes que levem em conta os membros femininos da audiência. Até American Pie, que vem de um gênero que é notoriamente misógino.
Eu concordaria com isso. Em American Pie, você faz o ponto para mostrar o lado das garotas de porque ela deveria ou não fazê-lo na Noite de Formatura — isso foi justo.
Nós estávamos tentando dizer, também, que elas estão realmente no controle do cenário, e os caras eram mais ou menos não-atraentes e desesperados, apenas tentando navegar nessas águas. As garotas estavam no controle do que acontecia e quando acontecia.
American Pie — como Crepúsculo — era um daqueles filmes aonde todos do elenco viravam estrelas. Nesses tempos, você se acha querendo dar a essa nova geração uma carreira ou conselho de vida?
Eu não me sinto particularmente qualificado porque eu não estou na situação deles. Eu não tenho que lidar com essa fama. Eu sou capaz de ligar ou desligar isso— ou de preferência, o departamento de publicidade é capaz de ligar ou desligar isso. Eu não ando por aí eu sou reconhecido. Eu sou reconhecido na proporção inversa à minha proximidade com o Rob. Tem um tipo de equação que eu poderia trabalhar. Basicamente se eu estou dentro de 45 metros de distância do Rob, eu sou importante. Se não, eu simplesmente não sou. Eu acho que eles realmente não precisam dos meus conselhos porque eles são determinados a permanecer verdadeiros às suas próprias vidas, apesar de qualquer coisa que poderia virar as suas cabeças. Esse é o único conselho que eu poderia lhes dar: Que eles continuem sendo as pessoas decentes e espertas que eles já são. E eu não acho que eles estejam manifestando nenhum problema em relação a isso.
Eu ouvi que a experiência no set tem sido como viver em A Hard Days Night (música dos Beatles)
Foi desse jeito na Itália. Embora não houvesse tanta correria e perseguição. Eu compararia mais com The Birds. Você olha em volta e de repente têm dez garotas por lá. E depois tem vinte. Depois trinta, depois quarenta. E de repente a rua em que você pretendia andar para chegar à sua próxima locação ou para almoçar está simplesmente bloqueada e não tem jeito de passar por ela. Ou você atravessa, mas isso te tomaria horas porque você teria que tirar fotos e assinar autógrafos. O que é justo porque eles vieram de longe e eles são realmente a razão por que nós estávamos lá. Ou você teria que ser realmente malvado e apenas passar correndo. Eu desenvolvi um olhar preocupado que algumas vezes funciona. Tento parecer como se houvesse algo realmente ruim acontecendo em uma locação diferente, e às vezes me tira de algumas situações.
Houve alguma experiência louca com fãs?
A coisa doida tem sido como extraordinariamente sustentadoras, amigáveis e entusiasmadas essas pessoas são. Eles realmente querem que seja feito direito, mas eles não são super críticos. Tem um grau de boa fé entre as pessoas que estão fazendo o filme e as pessoas que querem vê-lo, e nós somos inocentes até que se prove o contrário. E isso é ótimo porque não é sempre o caso com fãs homens. Eu encontrei uma garota em Montepulciano que depois apareceu em Vancouver, e que falava um inglês impecável. Essa é uma das razões pelas quais eu a reconheci. Ela veio até mim e disse: “Você se lembra de mim?” e eu disse “sim, eu me lembro”. E então a mãe dela estava lá e eu meio que quis perguntar a mãe dela o que mais ela e a filha dela estavam dispostas, porque parecia que ela deveria estar na escola, mas realmente não era assunto meu.
Qual outro livro você amaria filmar?Para ser honesto, eu amaria filmar A Bússola de Ouro. Eu adoraria que tivesse sido permitido eu fazer o meu próprio corte de A Bússola de Ouro porque realmente filmei aquele livro e poderia haver uma verdadeira versão dele, mas ele custaria milhões de dólares para concluir com os efeitos especiais. O corte foi tirado de mim e foi uma experiência devastadora. Esse é o outro livro que eu gostaria de filmar. Eu não teria a força para passar outros três anos para fazê-lo, mas é uma grande vergonha que o medo das idéias no livro levou o estúdio a fazer uma versão que acho que causou a sua própria queda.
Foi um lindo filme, o aparência dele.
É um filme bonito. E têm momentos que é precisamente o modo como eu quis que ele parecesse ou sentisse. Mas ele foi posto em um liquidificador, então as idéias interessantes que ele tinha e o levantamento emocional real da história se perdeu. E isso é uma vergonha porque eu levo muito a sério minha responsabilidade com o autor em tentar representar a visão dele no filme. Falhar com Philip Pullman em relação a isso é uma grande tristeza para mim porque ele é um dos autores que mais admiro no mundo.
Entre o autor e o estúdio, isso pode ser muito pesado.
E é, e eu tenho que dizer que a Summit entende que os fãs querem ver o livro no filme, e não só um filme bobo.
Ele é quase uma rede de segurança, tendo em vista que muitas pessoas conhecem o livro muito bem, mais do que o público americano conhecia A Bússola de Ouro.
Sim, a audiência americana não era familiarizada com A Bússola de Ouro. Uma vez que você começa a bagunçar com o enredo, com os personagens e com o conceito-chave do filme, você realmente perde o que fez o livro parecer atraente para qualquer um, em primeiro lugar. Se você pegar o exemplo de O Senhor dos Anéis, não foi isso que transformou todo mundo em viciado da noite para o dia. As pessoas eram capazes de ver o que foi ótimo em relação a isso em primeiro lugar, e a fidelidade à história e aos personagens realmente valeu à pena, mesmo assim muitas pessoas foram assisti-lo e não tinham lido O Senhor dos Anéis e não sabiam nada mais
O que você pode me contar sobre The Game, a adaptação do guia de Neil Straus para escolher mulheres?
Eu posso te dizer que Rawson Thurber [diretor de Dodgeball: A True Underdog Story (Com a bola toda)] vai dirigi-lo, e que ele está reescrevendo ele agora. É uma tentativa de seguir uma linha muito perfeita com um projeto como este. Ele tem coisas a dizer sobre as relações entre homens e mulheres e isso poderia ser visto como misógino ou como um manual de como manipular uma mulher. Mas realmente não é sobre isso — é sobre a fraqueza dos homens e das mulheres mais do que qualquer outra coisa.
E o seu irmão Paul também tem um filme de vampiro colegial vindo por aí?Tem sim. Isso não foi planejado de forma alguma. É muito engraçado. Uma semana antes de me oferecerem Lua Nova, eu estava pensando porque tinham tantos filmes de vampiros acontecendo. Paul queria satisfazer um amor grotesco, existente há muito tempo, que as séries Cirque Du Freak permitiram com seu visual e aquele tipo de perversidade — não perversão, mas perversidade— dos livros e do script. Foi uma coincidência engraçada. Na verdade, se você quer levar isso um passo além, minha avó era uma atriz de cinema mudo na versão mexicana de Drácula. Eles filmaram esse no mesmo cenário da versão de Todd Browning, mas eles começaram a gravar a meia noite. Meu avô, que era um produtor da Universal naquele tempo estava cortejando minha avó, e quando as conversas saíam, não havia papeis para mulheres com forte sotaque mexicano. Ele convenceu Carl Laemmle na Universal que você poderia fazer lucro usando o mesmo cenário durante a noite e fazendo uma versão em Espanhol do mesmo filme. Por isso o Drácula espanhol. É um filme excêntrico, se comparar a versão de Todd Browning com a versão mexicana.
E se o seu avô não tivesse feito aquilo, você poderia não existir.
É verdade. Se não fossem os vampiros…

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