domingo, 7 de agosto de 2011

Drácula - Bram Stoker




Publicado em 1879, inspirado em relatos do folclore romeno sobre o nosferatu, ou morto-vivo, e na saga do príncipe Vlad Drakul, que lutou contra os turcos nas Cruzadas. Drácula definiu o arquétipo do vampiro como o ser diabólico que se alimenta do sangue de suas vítimas e tem poderes extraordinários.

Drácula - Bram Stoker

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

It all ends... ever!


Ele estava misterioso ao celular.
Jamais tinha ficado tão tenso ao falar comigo, embora, nos ultimos dias ele estivesse sim, muito estranho.
Aquele sorriso que ele abria sempre ao me ver, o abraço apertado que sempre demonstrava saudade e logo em seguida o beijo molhado significando desejo, já pareciam não existir mais.
Havia alguma coisa acontecendo, mas ele não me contava nada.
A ligação fora para me dizer que o esperasse aqui em casa, que eu não fosse encontrar com o Lipe. Um amigo que ele suspeitava que gostava de mim, embora eu sempre tirasse essas bobagens de sua cabeça. Lipe e eu marcamos de ir ao shopping comprar roupas esportivas para a academia que começaríamos a frequentar na semana seguinte, aproveitando, iríamos comer e quem sabe ver um filme.
Nos momentos em que antecediam a chegada de William, que estava vindo do trabalho, mandei uma mensagem de texto à Lipe, dizendo que me esperasse um pouco mais pois eu me atrasaria. Mesmo sem contar a William, eu iria sair mesmo assim com Lipe. Afinal, seria um encontro para questões acadêmicas, literalmente.
Por minha cabeça passavam zilhões de coisas. Não, ele não descobrira que eu ficara com um garoto na última festa que fui. Não tinha como saber, e eu... estava bêbado, e chateado com ele por não querer ir comigo. E além do mais, nem lembro do rosto desse menino, e nem mudou o amor que sinto por ele.
Deitei-me na cama e fiquei ouvindo músicas que lembravam nós dois. Nossos momentos juntos, nesses quase nove meses de namoro.
Quando ele chegou, já estava quase chorando com uma música melancólica. Ele estava com uma aparência cansada quando abri a porta. Sua pele estava suada, uma camiseta preta com gola V, justa ao corpo musculoso, seus olhos brilhosos demais... Hesitou na soleira da porta, esperando eu sinalizar para que entrasse.
- Demorei muito? - ele perguntou para quebrar o gelo, dele próprio, talvez.
- Acho que não. Não - falei por fim.
Sentamos um na frente do outro, na mesa da cozinha. Ele colocou a mochila no chão e pediu para que eu lhe desse algo para beber. Levantei, peguei uma garrafa de Coca-Cola na geladeira e pus em cima da mesa para que se servisse.
Sentei novamente e ele disse: - Prometa que - ele esperou mais um pouco -, não irá chorar.
Aquilo logo me queimou por dentro. Ai, ai, ai, o que estava por vir?
- Dino, talvez essa seja a ultima vez que tomamos uma Coca-Cola juntos. - Fui com a minha mão segurar a dele, mas ele a afastou, me rejeitando. - E talvez seja a última vez em que nos vemos.
Meus olhos se encheram de lágrimas e já não precisava ouvir mais nada para me fazer chorar mais do que já estava chorando.
- Portanto, peço que me entenda... - e ele levantou meu queixo, mas logo abaixei a cabeça na mesa.
- Você tá terminando comigo? - falei aos prantos, tentando enxergá-lo em meio as lágrimas.
- Por favor - ele pediu com a voz calma e doce -, como verdadeira lembrança sua, eu quero um sorriso. Aquele lindo que você costuma iluminar onde está.
- Como posso sorrir quando você está me matando? - agora eu soluçava e tremia. Mas ele não tentou me fazer sentir melhor. Percebi que estava decidido.
Ele ficou calado me vendo chorar. A dor era forte demais.
Parecia que ele não entendia. Uma vida, queria passar a vida inteira com ele, morar com ele, amá-lo todos os dias... nosso amor era perfeito.
- Eu quero um sorriso seu como última lembrança. Por favor, não chore, não chore! - ele pedia com os olhos cheios de lágrimas.
- Por que última lembrança? Onde você vai? Por que está terminando comigo?
- Não podemos ficar mais juntos. Sabe dos problemas que existem entre a gente. Tem os meus pais, tem o restante da minha família que não nos aceitam...
- Mas não é com eles que você vai viver! Pense melhor, não faz isso comigo.
- Você não está me entendendo. Eu queria ter filhos. Filhos meus. Uma família, ser respeitado.
E a cada palavra eu recebia um corte de foice que atravessava meu coração e peito.
- Mas não é o que você quer. É o que eles querem. Você está cego.
- Lembra daquela tarde em que nos conhecemos? - ele perguntou segurando o choro. Não havia notado que ele mudara de assunto, pois estava ocupado limpando meu nariz e secando meus olhos.
- Como eu poderia esquecer, seus olhos brilhavam como águas cristalinas, aguas que pareciam que eu iria me afogar se tentasse nadar. Vi sua felicidade ali.
- Foi lindo mesmo te conhecer...
- E isso não é ótimo? Tudo que fizemos foi especial, por que quer jogar tudo fora?
Percebi que eu havia o interrompido quando ele disse sem ter me ouvido: - E mais bonito ainda o que aconteceu entre nós, no dia do seu aniversário. Mas já passou, já passou.
E ele fitava o nada enquanto falava. Ainda segurando o choro.
- Agora é preciso que nos separemos. E devemos seguir sem nenhum vínculo.
- Para de falar essas coisas, não aguentaria ficar sem você. Sem te ver, sem saber se está bem.
- O nosso amor estava se transformando somente em rotina, e o amor... O amor é uma outra coisa.
- De onde está tirando essas coisas?
- A sua Coca vai perder todo o gás - ele falou distraído. - Nenhum de nós é culpado, nenhum de nós. Mas desde que começamos a trabalhar, temos nos visto cada vez menos.
Eu ainda estava de cabeça baixa, não conseguia nem respirar direito. Já estava com vontade de vomitar de tanto que já chorara.
- Por favor... Por favor, não chore mais, não chore.
- Eu te amo, te quero, te amo!
- Não, você se acostumou a mim, o amor é uma outra coisa.
Ele então se levantou. Pegou a mochila do chão e estava prestes a sair.
Olhei pra ele com raiva mas chorando mesmo assim.
- E você não liga para o que eu sinto?! Acha que meu coração é feito de papel para você rasgar, amassar e depois jogar fora?
- Dino, eu...
- Sabe o quanto eu me sacrifiquei? - acabei berrando. Ele me fitou um pouco assustado e triste. Subi a manga da blusa de frio que eu estava usando e lhe mostrei a tatuagem que continha seu nome. Era uma lua crescente lilás e ao lado seu nome numa caligrafia impecável. - Isto também nem significa nada pra você, né?
Ele olhou para a tatuagem e começou a chorar, eu o abracei bem forte e ficamos os dois chorando.
A porta só nos observava.
Quando nos soltamos, ele suspirou, limpou os olhos e disse: - Agora eu vou indo, eu vou embora.
É o melhor para nós.
Então se lembrou e pegou o anel prata que estava em seu dedo. Retirou-o e me entregou. Afinal, eu tinha comprado o par.
Chorando novamente, ele falou:
- Eu quero que você tenha sorte, muita sorte. E que seja muito feliz. Que encontre alguém e o ame muito. Quem sabe o Lipe? Ele parece que gosta muito de você.
- Você está quase careca só de saber que ele é só meu amigo... eu só amo você, só você caramba! Você é a razão da minha existência. Sem você estou cego, sem você eu entrego meu corpo à própria sorte.
- Não gosto quando fala essas coisas... me preocupo contigo - ele chorou mais ainda.
- Então me beija e diga para eu esquecer tudo isso, diga que você enlouqueceu e...
- Adeus, adeus - ele disse por fim. Abriu a porta e já estava se afastando.
Me desesperei quando notei que estava mesmo perdendo o amor da minha vida.
E perderia sim, pois eu sabia que em breve os pais dele mudariam de cidade, levando com eles William. Será que era isso? Ele já estava se despedindo?
- Eu te amo, te amo, te amo! - eu falava chorando, ajoelhado no chão. Até batia a cabeça nele quando caí. Fiquei uns segundos lá na soleira vendo ele se afastar e sentindo meu coração vazar sangue. - Adeus. Tchau.

Então pensei melhor.
Fui até seu encontro e agarrei seu braço.
Quando o virei com força, ele me olhou incrédulo.
- Você vai mesmo conseguir viver sem meus beijos... - eu o beijei, do melhor jeito que pude. Alisei seus braços enquanto isso. Estávamos no corredor que dava acesso à rua. Ninguém estava nso vendo. Continuei fazendo minhas mãos passearem por seu corpo - vai viver sem meu toque? Não quer ficar uma ultima vez comigo? - e eu falava não mais alto que um sussurro, perto de sua orelha. Ele estava com os olhos fechados.
Quando me dei conta, estavamos na cama de casal do quarto da minha mãe, eu tirando sua camiseta suada e a jogando no chão.
O desejo falou mais forte. Nos unimos mais uma vez, mas dessa vez foi melhor. Parecia que o medo que ele tinha de me perder tornou muito especial a nossa relação. Estavamos sedentos, excitados, precisavamos entrar um no outro. E logo o frio da depressão que eu sentira... se transformara em calor. Chamas ardentes como se logo ao lado estivesse uma fogueira com muita lenha recém-cortada.
Cada movimento, cada beijo, cada toque, cada arrepio... cada gemido de prazer!
Quando acabamos com nosso ritual do amor, ele ainda deitado por cima de mim. Eu acariciando suas costas nua.
Ele me beijou e disse: - Acho que eu preferia morrer a deixá-lo.
Olhei para ele, bem no fundo de seus olhos e sorri.
Meu celular começara a tocar de repente. Era uma mensagem de texto.
- Pega meu celular, por favor? - pedia ele. - Está ao lado da TV.
Ele pegou e aproveitou e leu: "Ah, o.k. então, te espero no lugar de sempre. Não vejo a hora de te ver denovo. Sabe q eu te amo muito né? Bjos" , uma mensagem do Lipe. - falou para finalizar e me olhou com uma cara de ironia.
Fiquei mudo uns instantes. Ele morria de ciumes do Lipe.
- Bom, agora "não sobrou nada para dizer, exceto adeus!"
E eu deixei meu amor ir embora, provavelmente com o coração magoado.