segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Danos Permanentes.

Já estava na segunda ligação perdida quando resolvi desligar o celular. Já estava me irritando Dave me ligando toda hora e eu tendo que aturar a música de chamada até o último toque.
Bruno não sabia das ligações que Dave me fazia. Mesmo que eu as ignorasse e depois apagasse do registro, não contava pra ele.
Começamos a namorar no dia seguinte ao episódio na casa de Dave, duas semanas atrás. Desde então, Dave não deixa de me ligar. Bruno está sendo perfeito, me trata bem, está comigo quando não está trabalhando, é muito carinhoso e me sinto bem ao seu lado. As vezes o sinto inseguro em relação a Dave. Em sua cabeça existe uma Fernanda que ainda ama e sofre por Dave, mas aos poucos irei mostrando-lhe que mudei, e para melhor, agora que finalmente esqueci Dave, não completamente pois ele ainda me perturba com suas ligações.
Não, não vou atendê-lo. Além do mais, não quero ouvir sua voz. Por que não quero? Será que Bruno tem razão? Vou ter uma recaída? Eu não confio em mim? É melhor evitar até estar mais forte. É isso.
Depois de mais uns dias me escondendo do celular, ouço um toque diferente ao me aproximar dele, que estava em cima da mesa da cozinha, local onde deixo assim que chego em casa do trabalho, era uma mensagem de texto. Não reconheci o número, mas li a mensagem:
POR QUE NÃO ME ATENDE? MUDOU DE NÚMERO OU TÁ SÓ FUGINDO? SÓ QUERIA PEDIR DESCULPAS POR EU TER FALADO AQUELAS COISAS NO DIA QUE ESTAVA AQUI.
FOI MAL, NÃO PENSEI DIREITO. ME LIGA, PRECISO FALAR COM VOCÊ. P.S: SEU PERFUME FICOU AQUI, AINDA O SINTO TODA NOITE NO MEU TRAVESSEIRO.

Sentei-me na cadeira mais próxima. Minha mãe surgiu da sala de estar e avaliando-me perguntou:
- O que houve menina? Está tão pálida.
- Nada não. é o calor. Ele costuma abaixar a minha pressão. - só consegui dizer por essa ser uma verdade, embora, num momento de mentira.
Enquanto minha mãe estava na pia lavando o arroz para fazer o jantar, corri para o quarto para falar com minha irmã. Precisava lhe contar sobre Dave. Ela estava a par de tudo. Foi com ela que desabafei quando cheguei em casa semanas atrás. Ela me abraçou e chorou junto quando lhe contei meu sofrimento, ela o insultou de todas as coisas na conversa, mas quando mostrei-lhe uma foto dele, ela "entendeu" meu amor por ele.
- Nossa, faz tempo que não o vejo. Está diferente. - disse ela.
Assenti.

- Amanda? - chamei ao entrar no quarto. Ela estava debruçada na cama lendo uma revistinha de horóscopo e ouvindo música nos fones.
- Oi, tava esperando você chegar do trabalho. - disse ela parecendo animada.
Amanda era um ano e meio mais nova que eu. A achava até mais bonita. Seu cabelo era mais liso e arrumado que o meu, seu corpo parecia ser perfeito e tinha sorriso muito simpático. No que eu me considerava melhor era em quantos caras lindos eu fiquei. Mas o que eu mais queria, não obtive sucesso, então...
- O Dave me mandou um torpedo.
- Finalmente. Já tava achando que ele era burro. - brincou ela.
- Por quê? - tentei entender. Sentei-me ao seu lado na cama.
- Faz quase um mês que ele tenta falar com você e você nem atende, se ele queria mesmo dizer algo para uma pessoa que não atende o celular, mandaria um torpedo, daí ele pode falar sem você desligar. Você leu o torpedo até o final, né?
- Li.
- Então parabéns pra ele.
- Não faz sentido. Enfim... ele me pediu desculpas e...
Contei-lhe o conteúdo do torpedo. Para a minha surpresa, ela não tirou o sorriso do rosto. Estava animada com minhas palavras.
- Vai fundo Fernanda.
- Vai fundo pra onde? Eu namoro o Bruno, esqueceu?
- Mas você não o ama. E não o fará feliz assim.
- Como não? Não estou nem aí pro Dave.
- Está sim, admita. Você ainda o ama e ficou balançada com o torpedo.
- Quê? Pára de dizer besteiras.
- Você nem ama o Bruno, tá com ele só pra não ficar sozinha chorando e...
- Cala a boca. - disse irritada. O barulho da panela de pressão maquiava os meus gritos que começaram a surgir. Deixei ela falando, fui até a gaveta pegar uma roupa de sair. Ia dormir na casa do Bruno hoje.
- Fica com o Dave. Não desista dele. Você lutou por mais de 3 anos...
- E de tanto lutar, os guerreiros acabam cansando.
- Os fracotes.
- Os que querem uma vida melhor.
- Não vão ser felizes assim.
- Escuta aqui Amanda. Pára. Você já tá começando de novo. Você pensa que sou uma personagem de um dos livros que você lê e desgosta por causa do final? Do jeito que você não pode mudar os destinos delas, não pode mudar os meus.
- Como assim? - ela perguntou interessada.
- Bruno e eu vamos morar juntos em breve. - cochichei perto do ouvido dela. - Mas não conta nada pra mãe ainda. Vamos contar quando estiver tudo certo. To indo tomar banho.
- Beleza.
Vi quando Amanda pegou o celular dela e repôs os fones no ouvido. De relance a vi pegar também o meu celular.
- Vou pegar uma música pelo BLUETOOH! - gritou ela.
- Tá. - respondi do banheiro.

Por causa do trabalho e da faculdade, Bruno só me viu 2 vezes nessa semana. Havia alguns trabalhos para entregar e pouco tempo para executar todas as tarefas diárias. As vezes penso que ao namorá-lo, estou dando mais uma responsabilidade a ele. Atarefando-o mais ainda. Isso me deixa mal e constrangida quando o vejo atrás do notebook e de uma pilha de livros e cadernos.
Passei alguns dias sem vê-lo, indo de casa para o trabalho e do trabalho pra casa. Estava com um pouco de saudade dele, mas algo me fazia não ligar tanto em não estar com ele. Dave não me ligara mais. Disso eu sinto falta. Gostava tanto de torturá-lo - e de me torturar com o toque da chamada.

Notei Amanda um pouco misteriosa essa semana. Ela parecia apressada as vezes e quando eu entrava em nosso quarto, ela parecia sempre desesperada em guardar algo ou me tirar de lá.

Estranho, ontem logo após eu terminar uma ligação com Bruno, o mesmo me avisara que me ligara e eu não o atendera, fui verificar os registros de chamada e sim, havia duas ligações perdidas de Bruno. O que me intrigou, foi ao verificar as ligações feitas e notar o número de Dave ali. A ultima vez que liguei pra ele foi a mais de um mês quando fui até lá. Mas aqui no registro mostrava uma data muito recente. Não me lembro de ter ligado para Dave, nem como "sem querer". A possibilidade de Amanda ter ligado era irrelevante, afinal, ela nem tinha contato com ele.
Bruno ficou diferente comigo nos ultimos dias. Não sei o que houve. Parecia que o amor que ele sentia por mim tinha se acabado ou coisa assim. Ele estava me evitando, quase não falava comigo, estava sempre extressado e "com coisas demais na cabeça". Ele tinha esfriado, quase não pedia meus beijos, agora que eu, depois de tanto tentar, estava começando a amá-lo.

Já estava começando a me sentir sozinha. Minha irmã não estava falando muito comigo, só o necessário. Bruno estava sempre ocupado, o que me deixava chateada, pois ele nem tinha mais tempo pra mim. Qualquer coisa era mais importante. Perguntei-lhe hoje pela manhã o que estava de errado quando passe pelo serviço dele.

- Que surpresa! - ele disse mas não me pareceu sentir emoção alguma em me ver. Até perdi um pouco da vontade de estar ali. Me deprimiu.
- Vim te ver já que você não faz mais isso. - falei olhando para o chão. A essa altura ja estava a ponto de dizer tchau.
- Você sabe que estou sem tempo, e você mesmo deve estar muito ocupada com... ultimamente. Olha, meu ônibus ali no ponto, tchau, tenho que ir. Entra no MSN quando chegar. - e saiu correndo.
- Bruno! - chamei indignada. Ele não voltou.
Não acreditei quando ele entrou mesmo no ônibus e o ônibus virou na esquina. Minha cara deveria estar horrível pois não paravam de me olhar. Haviam muitas pessoas naquela rua e todos os pares de olhos estavam mirando as lágrimas que escorriam pelo meus rosto.

Por que eu sempre tinha que ficar sozinha?
Cheguei em casa e me joguei na cama. Minha irmã não estava em casa, estranhamente. Aproveitei para chorar o quanto pude e pensar. Pensar o que eu tinha vivido nesses dois meses com o Bruno. Lembrei-me de Dave. Queria vê-lo. Sempre conseguia me destruir ou buscar forças com ele. Afinal, ele era tão legal, meu melhor amigo, até. Eu tinha de ligar pra ele. Pedir desculpas por não ter atendido o celular e... é, era isso o que eu tinha de ter feito. Precisava beber algo hoje, nem que fosse uma cerveja. Que dane-se o MSN. Não estava mais afim de falar com o Bruno hoje, se ele conseguia me evitar, eu também conseguia. Tinha que aproveitar que estava curada. Tinha que testar se eu ainda amava o Dave ou se meu coração fora costurado. Se desse certo, estava disposta a arrancar as linhas que Bruno usou e substituí-las por novas, pelas linhas de Dave. Mas no fundo, sabia que ele não queria nada comigo.

- Dave? - falei ao atenderem ao segundo toque. Estava tensa. Envergonhada, mas decidida.
- Porra Fernanda, finalmente, eu...
- Não fala nada. Olha, vamos sair pra algum lugar? Beber alguma coisa, sei lá...
- Faz o seguinte, pode vir aqui? Conversamos melhor.
- Aí na sua casa? Não posso ir pra Suzano uma hora dessas. Está tarde e...
- Que Susano? Sabe muito bem que agora to morando aqui no Centro. Esqueceu?
- Na verdade... - pra não prolongar a conversa com ele e perder a minha coragem em vê-lo, decidi mentir. - .. é, esqueci. Enfim, me diz onde posso te encontrar que vou. To afim de me distrair.
- Okay.

Combinamos que ele me esperaria perto de casa, o destino escolheríamos depois.
Depois de ter passado um bom tempo me arrumando, perfumando e ajeitando o cabelo a cada 2 minutos, consegui sair. Já passava das 21h o vi da esquina. Vi quando ele saiu de uma loja de conveniencias de um posto de gasolina. Estava tão... gostoso. Estava usando uma bermuda jeans que deveria ser da ECKO, e uma camiseta lilás que sei que fui eu quem lhe deu, não fazia muito tempo. O boné era meio que um marrom-amarelado. Era clarinho, mas só o deixou com o rosto mais maduro. Gostei do visual. Onde será que iríamos?

- Oi gata. - me deu um beijo no rosto. Não lembro se foi o frio, mas me arrepiei na hora. O perfume que ele usava era um dos que eu mais gostava. Dave era perfeito.
- Dave, olha... - suspirei adquirindo fôlego para começar, mas fui interrompida com a boca de Dave vindo em direção da minha. Não tive tempo para pensar em outra coisa que não retribuir àquele beijo e o abraço gostoso. Não acreditei que eu estava beijando o cara que mais amei na vida, o qual eu tinha vontade de estar o tempo todo, de construir uma família e ser feliz. Sim, estava acontecendo, ele estava mesmo me beijando.
Não quis - na verdade nem tentei ser forte. Ele me chamou para ir ao apartamento dele, para conhecer. Ficava na Aclimação. Não muito longe de onde estávamos. Para um homem, estava organizado até. Não havia muitas coisas fora do lugar, nada demais, capaz que ele tinha acabado de deixar ali.
- Não nos demorei lá fora porque eu pedi pizza. Não me faça essa cara, achei que dormiria aqui.
- Não posso, tenho que trabalhar amanhã.
- Falte. Precisa de folga.
- Dave, não...
- Deixa pra lá... senta aqui.
- Sentei me ao seu lado num sofá a frente da Tv. Ela permaneceu desligada, aliás, não teríamos lhe dado a atenção devida.

- Olha, desde o dia que você saiu daquele jeito, fiquei mal. Preocupado pois estava a maior chuva e você nem sabia o caminho até a estação e...
- Eu sabia o caminho sim, e não estava chovendo tanto.
- Deixa eu terminar... por favor. - ele estava com medo de tropeçar nas palavras. Ele estava com um rosto tão lindo, tremendo quase. Seus olhos castanhos brilhavam. - Fiquei pensando no que me disse, e fiquei pensando em como a minha mãe chorou naquela noite quando meu pai faleceu.

Eu congelei e morri junto. Não acreditei naquela informação. Só o fiz porque ele estava com a cabeça baixa e a voz quase morrendo também.

- Não acredito que o seu pai... Dave eu sinto muito. - meu abraço dessa vez não foi com segundas intenções. Não resisti e chorei enquanto o abraçava.
- Ja passou. O fato não é mais esse. - ele me disse tentando ficar sério. - Eu a vendo sofrer daquela forma, com dor por perder alguém que ama, com quem viveu por muitos anos, feliz e contente, com quem riu e chorou até, e teve filhos. Ela ficou muito abalada, pois ninguem esperava que ele morresse dormindo, não apresentava nenhum sinal de doença. Enfim... pensei no que me disse antes de sair, e avaliei com carinho tudo. Acho que comecei a gostar de você depois do enterro do meu pai, uns dias depois. Pois foi quando eu fiquei mais pensativo e dando mais valor a vida. Saí daquele trampo que não me servia pra muita coisa e agora estou em outro por aqui, que paga muito mais. Ajudo minha mãe e vivo bem aqui. Vim pra cá buscar especialmente uma coisa: Você. Acho que não suporto mais ficar nesse apartamento sozinho, te ligando e sem você atender o celular, me deixando triste e sem razão pra ter abandonado tudo e todos em Suzano.
Eu só escutava ele falar. Estava sendo difícil aderir tudo aquilo sem chorar. Era o que sempre esperei ouvir de um cara. Jamais imaginei que quem me diria isso, seria ele. Dave.
- Eu descobri que te amo. Descobri que quero ficar com você pois não vejo com quem mais ficar se não você. Não consigo me imaginar com outra pessoa. Não quero conhecer mais ninguém.
- Dave... - chorei. Iria acabar nos ferindo, de alguma forma, mas teria que fazer. - Não posso ficar com você. Não vai mais dar certo, eu namoro com outro, eu...
- Eu sei que você ainda gosta de mim, não faz isso comigo. Pensa em como será a sua vida, ou a minha. Não estraga isso, por favor.
- Não posso, pense em como estou compromissada, a mãe de Bruno é um amor, ela poderia se chatear, não quero magoá-la.
- Sinta como eu te amo. Sinta como eu te quero.
Dave me puxou para perto dele e me deu um beijo quase desesperado. Nossos lábios se encontraram com uma certa química indiscutivel. Não queria de jeito nenhum estragar aquele momento. Ele colocou meus braços em volta de seu pescoço, foi então que me senti vulnerável.
Ele sussurava coisas no meu ouvido dizendo que me amava e que não podia me perder, por nada desse mundo. Foi então que não aguentei e me entreguei de verdade. Disse a ele o que sempre quis dizer, mas dessa vez falei no momento certo e não foi aos berros. Ele me beijava cada vez mais e lambia meu pescoço. Era tão... excitante sentir aquela língua quente descendo cada vez mais. Não queria parar. O clima esquentou mais quando tirei a camiseta dele e vi aquele corpo maravilhoso e o volume que estava ali escondido na bermuda.
Não demorou muito para ele me levar para o quarto dele. Não me lembro de sentir repulsa por ter realizado um dos meus desejos secretos e com quem eu amava, e que com certeza voltara a amar. E o mais importante... que também me amava.
Estavamos muito ocupados quando o cara da pizza chegou. Suspeitamos que fosse porque o interfone não parava de tocar.
Quando acabou, me perguntei se tínhamos tomado banho. Foi muito intenso.
Passamos o restante da noite conversando e combinando como seria dali pra frente. Não foi difícil decidir o que fazer. O que concordamos foi: Dane-se o povo, abra as portas para o nosso amor.

Fui pra casa quando Dave foi trabalhar. Decidi tirar mesmo o dia de folga.
O que eu não parava de fazer era pensar. Como contar ao Bruno. Coitado, não queria magoá-lo. Ele me ajudou tanto. Tinha paciência quando eu ficava muito mal no começo. Contei-lhe sobre Dave quando chegamos em sua casa naquele dia. Ele entendeu direitinho e não fez mais perguntas. Provavelmente ele acharia isso uma covardia.
Quando cheguei em casa, minha mãe já tinha ido trabalhar. Minha irmã provavelmente estaria no computador. Ao entrar no quarto, notei que ela estava no banho, e essa quando entra, não sai mais do chuveiro. Sentei-me ali para acessar meus emails e vi quando uma janela de conversa apareceu do nada na tela e em seguida, a mensagem de ausente que foi deixada por Amanda. Era uma janela de conversa do Bruno com ela, que ocorreu antes de eu chegar. Ele mandara: Opa, desculpa a demora. Tava ocupado. e logo abaixo estava a mensagem de ausente dela.
Procurei nos registros se havia mais conversas entre eles. Sim, havia. A burra guardava todas as conversas. Me espantou quando vi o email do Dave ali também. Ela tinha contato com dave e Bruno?
Abri os dois para ler antes que ela saísse do banheiro.
No de Dave, foi de dias atrás, falaram sobre ele ligar e eu não atender, sobre um torpedo que ele mandara e ela respondera pelo meu. Ah, eu já desconfiava que ela havia mandado torpedos pelo meu celular, mas não que fosse pra ele. Ali havia ela colocando o dave cada vez mais perto de mim, dizendo pra ele não desistir de mim e... QUE ESTAVA AFIM DE TIRAR O MEU NAMORADO. Não acreditei que estava lendo aquilo:

Amandinha zika'em diz: Sou apaixonada pelo Bruno. Só por isso vou te ajudar a ficar com a minha irmã. Vou falar algumas coisas pro Bruno, vou entrar no msn dela, já que sei a senha dela, e falar umas coisas frias pra ele pensar que ela não gosta mais dele.

David Paulo diz: Blza, se vs conseguir fazer com que o namoro dos dois esfrie, ela virá pra mim, daí você pode ficar com o outro.

Amandinha zika'em diz: Suave' :D deixa comigo.

David Paulo diz: O.k. Obrigado mesmo, cunhadinha. -q

Amandinha zika'em diz: kkkkkkkkk' =D

Amandinha zika'em está Offline.

Fiquei chocada com aquilo. Fui enganada, entrei num jogo de capricho. Mais indignada com o que ela falou para o Bruno. Em umas partes ela dizia que não pode dormir, pois eu ficava chorando dormindo e chamando "um tal de Dave" e coisas sem noção. Dizia que eu tinha sido pra um e outro lugar e com amigos, enquanto pela hora, eu estava no banho, me preparando pra dormir.
Minha irmã era uma monstra. O tempo todo tentando ficar com meu namorado, me jogando para outro. E então Dave só queria fazer sexo comigo e mais nada? E todas aquelas coisas que ele me disse?

Enquanto meu mundo caia e tudo girava, Amanda saiu do banho e correu desesperada para onde eu estava. Ela percebeu que eu tinha lido uma boa parte de suas traições.

- Eu posso explicar.
-Você acabou comigo. Você acabou comigo. - eu gritava. Acertei um tapa em seu rosto. A marca ficara bem visível. E nem usara toda a força que minha raiva sempre despertava. Quando fui dar-lhe outro tapa, ela revidou.

- Eu tentei te ajudar a ficar com o cara que você amava.
- Bruno é o cara que eu amava.
- Ah, então consegui? Você ama o David agora!
Avancei outra vez, mas ela recuou. Estava irritada e nem sabia ao certo o por quê. Precisava ver Bruno e explicar o que tinha acontecido.
- Vocês dois se merecem. Me fizeram ficar mal com o Bruno. Estou com nojo dos dois.
Peguei minha bolsa e sai. Pude ouvir quando ela gritou: Tudo que o Dave disse é verdade.
Se é verdade, como ela sabe? Com certeza ela mandou ele dizer, pra ficar realista.

Meu Deus, como eu ia desfazer essa coisa toda? A minha vida seria toda de chorar por coisas que fazem comigo? Essa era meu defeito, ser frágil?
Não consegui ligar para Bruno, decidi ir até seu local de trabalho.
Quando cheguei, fui recebida por Conceição, a recepcionista. Mulher simpática e conhecida minha. Espantou-se quando em viu.
- O que faz aqui Fernanda?
- Vim ver o Bruno, ele está?
- Estranho, ele saiu dizendo que ia encontrar com a namorada. Que qualquer coisa deixasse recado.
Ser frágil nunca mais. Uma vozinha falou em minha cabeça quando eu quase chorei.
- Obrigada, deixe um recado meu. Diga pra ele mandar lembranças minhas pra mãe dele. Diga que sentirei muita saudade dela. Diga que viajei.
- Vai pra onde? - ela perguntou interessada.
- Isso não importa agora, só decidi pegar férias.
- Tá, direi a ele.

Amandinha iria adorar saber que o cara que ela ama está com namorada nova. Nem eu nem ela. Isso não é demais?
Bom, agora só precisava dar uns tapas em Dave também, mas não no momento, não estava afim de falar com ninguém. Precisava de um tempo pra pensar.
Peguei o metrô e fui para o meu trabalho. Iria acertar uns 15 de férias.
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Depois da discussão que tive ontem com Dave, é capaz que ele não queira mais me ver, a não ser que... não, é claro que tudo aquilo era mentira. Se bem que homem é difícil chorar, e ele chorou dizendo que me amava. Tudo tá me deixando muito confusa, principalmente minha menstruação que não desce há 6 dias.

Estava deitada em minha cama, relaxando um pouco enquanto a carne estava no fogo. Alguém começou a bater na porta, quase desesperadamente, sem dar uns segundos para o próximo toque a porta. Fui ver quem era.
- Dona Maria? - era a mãe de Bruno. Ela entrou chorando e me dando um abraço. Quase caímos em cima do fogão que estava próximo. - O que aconteceu? Por que está assim?
- Ai Fernanda, o Bruno foi assaltado ontem a noite e foi baleado. - ela tremia enquanto falava. Lhe dei um copo de água para que se acalmasse. - eu estava preocupada pois ele nem tinha voltado. Me ligaram do Hospital.
- Meu Deus, mas que horas foi?
- Não sei, não sei. Ele está no Hospital, não pode ir comigo? Por favor.
Não consegui dizer não pra aquela senhora que era quase minha mãe. Estava aflita e muito triste. Mas na hora que eu ia saindo, minha pressão baixou e eu quase caí no chão se Dona Maria não estivesse segurando meu pulso.
- Fernanda? O que houve? - perguntou preocupada.
- Nada. - respondi - Deve ser o calor que está aqui dentro. Quando faço alguma coisa em panela de pressão, as vezes minha pressão baixa.
- A minha também. Está melhor?
- Estou, vamos.

No hospital, foi dificil ver Bruno deitado ali, desacordado. Não aguentei, comeceia chorar ao lado dele. Fiz um carinho no rosto e ele se mexeu, e aos poucos acordou. Foi retomando os sentidos.
Pouco a pouco, lhe contaram o que houve e porque estava ali. Depois que a enfermeira que viera saber se ele acordara saiu e sua mãe estava no banheiro. ele falou comigo.
- Me desculpa Fernanda. Me desculpa por tudo.
- O quê? Se desculpar pelo o quê? Não fez nada, olha, eu que...
- Não, nada do que sua irmã disse ou fez teve efeito. Desde que ela me disse que gostava de mim, eu inventei umas coisas também e ela parou de se meter entre nós. Mas já era tarde. Eu descobri uma coisa, e por isso, fiquei com nojo de mim, e quis ficar longe de ti. Eu preciso te falar, mas não quero que sinta muito nojo ou raiva de mim, eu não sabia. Eu tenho... AIDS.

Será que eu tinha também? Por isso que eu vinho sentindo coisas estranhas nos ulimos dias?

- Eu estava com suspeitas e fiz o exame de sangue. Deu positivo - ele parecia que cuspia as palavras. Dá dó ver uma pessoa com nojo de si. - e agora, nos exames que fizeram, acusou de novo. Eu quero que você verifique se está infectada. Mas uma coisa eu tenho certeza, caso não tenha pegado nada, quero que fique bem longe de mim. Não quero que fique infectada com esse vírus maldito.
- E se... caso eu tiver?
- Bom, só você poderá decidir se quer viver e morrer no vírus comigo. Ou não sei... nem sei como será minha vida a partir de agora.
A dor de Bruno se tornara também a minha dor. E se eu estava infectada e passei esse vírus para Dave também? Eu não ia suportar uma coisa dessas. Uma culpa... que com a qual não conseguiria conviver.

- Farei os exames. - prometi a Bruno.

Durante a semana, fiz os exames, ajudei Bruno a se recuperar, perdoei a minha irmã, e voltei com Dave, quero dizer, começamos a namorar. Ele estava tão feliz. Quando ele me abraçava, e também me beijava, eu sentia que todas as palavras que foram ditas naquela noite eram verdadeiras.
Eu era muito feliz quando todos a minha volta eram felizes. Descobri que a mentira que Bruno inventara para a minha irmã, era que ele disse ser gay e estava comigo para se mostrar hétero. Mas ele mesmo desmentiu pra ela e lhe deu uma chance, quando viu que eu estava com outro.
Tudo ia bem.
Hoje peguei o resultado dos exames e quando li, quase pulei de alegria. Como se um peso saísse das minhas costas. Não estava com HIV nem nada do tipo, mas ao contrário, em vez da morte, eu traria uma vida. Estava grávida.
Quase que saí correndo do consultório para contar a Dave. Faria-lhe uma surpresa.
Fui até o prédio onde ele trabalhava. Pedi para liberarem minha entrada sem precisar interfonar nem nada. Subi, quando saí do elevador, naquele enorme corredor, onde as salas ficavam no próximo, eu os vi. Uma menina - ou mulher - muito mais linda que eu, com roupa típica de escritório, cabelo solto, não muito longo. Estava com os braços envolvidos em seu pescoço e ele quase caindo pra frente pois ela não era tão alta, mesmo com aquele salto de bico fino que eu não usaria por medo de cair. Ele me viu e ficou muito assustado. A moça também. Eu simplesmente rasguei o papel e disse: ACABOU!
Entrei no elevador novamente antes que fechasse.

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