domingo, 3 de outubro de 2010

Vontade de Matar






- Não faz 4 dias que ele foi enterrado. Okay, mas... Tudo bem. Já estou saindo. Ainda não me falaram nada... Não precisa chorar Thamires, quando voltar-mos, agente passa na casa da mãe dele. Tá bom, tchau. - desliguei o celular.
Coloquei uma camiseta e fui até a pia do banheiro para escovar os dentes. Nossa, desde o assassinato de Kauê não consigo dormir direito, é como se ele ainda estivesse ali comigo. Meu melhor amigo. Meu rosto está amassado e com olheiras. Nem vou fazer a barba hoje. Nem está tão grande.
Thamires me pediu para que eu fosse encontrá-la no cemitério Vila Mariana. Ela namorava meu melhor amigo Kauê Shimoda, asiático, fora assassinado na própria casa com 13 facadas na região do coração. O engraçado é que quem merece não morre assim.
Depois de uma tentaiva inútil de melhorar o rosto, peguei as chaves e fui pegar o carro na garagem do edifício. Já sentiu a sensação de estar sendo observado? Parecia que algo me seguia, como se fosse algum detetive da polícia que estivesse vigiando as pessoas próximas à Kauê, já que na cena do crime, não houvera arrombamentos, roubo e nem nada mais macabro que sua morte.
Não dei atenção ao tal detetive que não fazia seu trabalho muito bem e lliguei o carro. Ao colocar o carro na marcha ré, senti o carro passar por cima do que me pareceu um corpo. Entrei em pânico. Aproveitei que não havia ninguém mais no estacionamento subterrâneo para dar uma espiada no estrago.

O que o sono faz às pessoas? Ele as enlouquece? Faz coisas se mexerem mesmo ela estando paradas e completamente imóveis? Não havia nada embaixo do carro. Sem vestígios de sangue, o pneu não estava furado, não havia sacos de lixo nem nada. Só me pergunto: Que lombada foi aquela?
Entrei no carro novamente.
- Onde você está? - perguntou Thamires ao celular.
- Tô na Lacerda Franco. Só vou virar à esquerda e depois à direita e pronto. Feliz? - opa! Péssima pergunta pra agora. - Não foi isso qque quis dizer, não nesse sentido.
Ela desligou o celular. :T
Eu já não era muito fã de cemitérios, principalmente visitá-los depois das 19 horas.
Não foi difícil encontrar Thamires, sentada no chão olhando a lápide do corpo de Kauê ao longe.
Lugares assim, quando você anda, sente um desconforto nas costas... Uma insegurança. Como se seu anjo da guarda não estivesse te seguindo mais. Apressei o passo.

- Há quantas horas está aqui? - perguntei. Seus cabelos que eram lisos e bem cuidados, agora estavam bagunçados acho que de tanto ela chorar e passar a mão para o lado. Seu rosto estava pálido, o rímel borrado. Seu jeans estava sujo da terra que tinha no chão do cemitério.
- Não sei. - ela me disse como se estivesse sem ar. Olhei bem pra lápide e já até me cansei. Como ela ficou tanto tenpo ali? Que coisa chata, era como se passasse um clipe com seus momentos. Ela fitava com vontade a lápide onde indicava: KAUE MATZACUDA SHIMODA
*14-FEV-1982 +10-OUT-2010 MENTIRAS SÃO FRACAS, ELAS SEMPRE PERDEM, A VERDADE É DE DEUS POR ISSO SEMPRE APAREÇE. Li e re-li a frase para passar o tempo.
Thamirez ao me olhar de verdade perguntou:
- Como sabia que eu estava aqui?
Agaixei-me para olhar em seu olho.
- Tá doida? Nos falamos no celular não tem menos de 10 minutos.
- Meu celular estava com o Kauê quando ele... - ela apertou os olhos - Os policiais levaram para fazer alguma coisa. Ficaram de me entregar depois. - ela passou a mão no cabelo outra vez. Ela cobriu o rosto com as mãos. - Não avisei ninguém que viria, como soube que eu estava aqui.
Efeito do sono? Não, dessa vez era alguma maluquice, e minha eu sei que não era.
- Thamires, como é que eu falei com você mais de cinco vezes hoje e você me diz que não está com seu celular há 4 dias? Ontem falei duas vezes com você!
- Sérgio eu já disse que meu celular não está comigo. Se quer saber, ontem eu estava na casa da minha avó ainda. Não pude deixá-la até meu tio Daniel chegar. Sendo que eu estava desesperada pra sair daquela cidadezinha e vir para o enterro... Dele. Mas nem pude. Chorei a noite toda quando minha disse.
Meu estomago começou a revirar. Aquele lugar já estava me dando náuseas.
- Eu juro que não entendo. Era você... era você! - eu tava começando a surtar com a idéia de estar louco. Mas eu tinha no consiente que era o sono. Mas... anteontem eu não estava com sono quando falei com "ela", não tanto pelo menos. Mas agora era diferente, 41 horas.
Fitei a lápide de Kauê para tentar me distrair por alguns segundos, mas estes pareceram horas. Por passe de mágica, fui levado à lembrança da nossa penultima noite juntos. Me peguei pensando em nós, melhores amigos numa balada de eletrônica, no dia que eu apresentei a Vanessa para ele como minha namorada. Não sei o porque, mas lembrando disso, pude ver detalhes dessa lembrança. Como ele a olhou, como ela o olhou e como eu estava bêbado naquela noite. Não sabia quem me levara ao meu apartamento ou trouxera meu carro. Acordei de ressaca e fiquei em casa. Sorte que era domingo. Quando fiquei totalmente sóbrio, peguei meu Smart e liguei para Thamirez pra saber como tinha sido a noite passada. Pois eu não me lembrava de nada. Lembro-me de quase tudo da conversa.



- E quem levou a Vanessa pra casa? - perguntei.
- Depois que levamos você até aí, Kauê me deixou em casa e disse que podia levar a Vanessa até a dela.
- Humm. Beleza. E aí, ele te mestrou a aliança?
- Que aliança? - senti sua voz de animação total.
- Ops. Desculpe os Spoilers, pensei que ela tinha te mostrado. - ela deu um grito
muito alto, então me despedi e desliguei, só não sei se ela me ouviu.
Tentei ligar para Vanessa, mas só caía na caixa postal. O mesmo acontecia com o de Kauê. No instante fiquei preocupado pensando que poderia ter acontecido um acidente ou algo do tipo, mas também pode ser que um está sem rede e o outro descarregado.
Perto da hora do futebol, fui ao bar de um amigo que ficava na esquina da minha rua para ver o jogo lá e tomar algumas cervejas ou Coca com Montilla. Mais tarde eu passaria na casa de Vanessa para amá-la um pouquinho. O jogo começou.
Despertei do devaneio meio assustado.


Olhei para a mão de Thamirez. Não havia sinal de anel algum. Por quanto tempo eu apaguei sem que ela percebesse.
- Vamos sair daqui Thami? Preciso dormir e você comer um pouco. - levantei e estendi a mão para que ela tivesse um suporte para levantar.
Ela se agarrou ao meu braço enquanto subíamos a pequena ladeira até o portão de saída.
Tive a impressão de alguem atrás de mim chamar meu nome. Mais uma vez o sono, sempre ouço milhões de vozes em minha cabeça e me distraio fácil, por isso, decidi deixar o carro ali e ir a pé para casa. Mais tarde eu pegaria o carro.
Na calçada do cemitério, Thamires ainda estava agarrada em meu braço. Acho que um estava servindo de apoio ao outro. Fazia 4 dias que eu não a via. Seu namorado estava morto e ela precisava mesmo de um apoio. Não sei de onde, apareceu um louco na nossa frente e falou em nossa direção:
- Eu não gosto de você! O que fez não tem perdão. Só passei pra dizer que ele te espera com sua família. Não demore!
O louco passou por nós e seguiu seu rumo. Nos entreolhamos.
- Ele disse pra você ou pra mim? - perguntei.
- Nem ouvi o que ele disse. - ela deu de ombros.
Deixei Thamires em casa. Passei no primeiro bar que vi e pedi um café bem quente. Em seguida fui na delegacia onde estavam apurando o caso de Kauê tentar retirar o celular de Thami. Depois de horas argumentando, e depois deles informarem que já não precisavam mais, consegui retirar o celular de Thami, assinando um relatório que nem sei exatamente do que era. Não pude ler, só estava precisando saber o que continha naquele celular.
Quando cheguei em casa, o sono e o cansaço me fizeram desmaiar na cama, afinal eu precisava estar recarregado para o dia seguinte. Não foi difícil sonhar com aquelas cenas outra vez. As que mais me fazem perder o sono.
Estava eu no bar, vendo o jogo do palmeiras e guarani, quando sentou o primo do Kauê no banco ao meu lado.
- E aí Jeff? Beleza? - cumprimentei-o
- Beleza cara. Nem chamou o Kauê pra vir beber com você hoje? - seu tom de voz era meio presunçoso.
- Nem sei onde ele está. Liguei pra ele mas só dava caixa postal.


- Ah! Ele desligou o celular mesmo, antes de eu sair pra trabalhar.


- Você trabalhou hoje? - Vida de porteiro é dura. Não estudou, se lascou! - eu ri dando-lhe um soco leve no braço.


- Pois é. Não é facil mesmo. Pra uns e até legal, enquanto uns saem para trabalhar e outros dormem, outros levam mulheres da balada pra dormir em casa.


- Kauê fez isso? Quando?


- Hoje oras. - ele parecia que queria chegar a algum lugar. - Hoje de madrugada vocês não estavam numa balada aí?


- Sei, mas nem lembro muito, fiquei bêbado lá. Comemorando a promoção lá no trampo.


- Humm, legal. Parabéns. - ele apertou minha mão. Ele demonstrou estar feliz de verdade. - Só acho que se a Thamires souber ela não vai gostar.


- Claro que ela não vai gostar, traição é traição. Eu não suportaria.


- Acho que eu matava um se alguém me traisse. - ele disse me olhando estranhamente.


Para descontrair e tentar olhar o jogo, eu disse:


- Seu macabro! - rimos sem parar.


O bar inteiro se agitou com um gol do palmeiras.


- Agora eu bebo com alegria. Verdão tá 1 à 0.


- Agora só preciso de uma loira como a que meu primo levou pra casa hoje. - ele disse feliz com o gol do palmeiras.


- Uma loira? - levantei a sombrancelha.


- Antes de sair, eu o ouvi a chamar de Va... Va alguma coisa. Vanessa! É foi isso.


Quase cuspi a cerveja na camisa de um homem que estava sentado no banco à minha frente. Estavamos encostados a um balcão.


- Como é? - loira e se chama Vanessa, estava com Kauê, sendo que ele foi levá-la pra casa. Os dois celulares estavam desligados até aquela hora. Jeff ainda não voltara pra casa desde que saira do serviço. Céus, será que... não!


- Quando a vi mais cedo, podia jurar que eu ja tinha visto aquela moça com você antes. Talvez você já tenha ficado com ela.


- Acho que você ta falando de alguem que eu conheço. - tomei outro gole Montilla com Coca. Minha sobrancelha estava levantada, era assim que acontecia quando eu começava a me irritar.


- Conta essa história direito. - segurei no braço dele, talvez forte demais.


- Ei, larga aí! Se aquela era sua mina, deveria bater no Kauê, o talarica sem vergonha, eu nem sabia. - ele defendeu-se - Só tava comentando.


- Beleza. - tentei me acalmar. Peguei uma nota de R$ 10,00 e dei ao meu colega dono do bar. Sai em disparada do bar.






Parecia que eu só tinha fechado os olhos. Acordei todo soado. Um calor como jamais tinha feito antes. Me senti sem ar. Tirei a camiseta. Na hora vi o celular de Thamires que ainda estava dentro de um saco plástico. Peguei o celular e começei a mexer a procura de informações. Fui primeiro nas ligações feitas. Confirmado, eles haviam se falado por quase uma hora no dia da morte do Kauê. Certamente foi depois de uma bela madrugada de sexo proibido, daí ele ligou para conversarem sobre o que tinha rolado, e que agora estava gostando mesmo dela e essas babaquices que o Kauê faz com todas. Mas com a minha Vanessa e ele tendo a amorosa Thami? Quase destroçei o celular quando fui nas mensagens recebidas. Não prestei atenção no número mas parecia o dela, só a mensagem parecia que pulava do visor do celular. Parecia que a voz de Vanessa gritava pra mim: AMOR, ACHO QUE ESTOU GRÁVIDA, COMEÇEI A SENTIR OS SINTOMAS ONTEM. E AGORA, O QUE FAREMOS? Essa mensagem vi que foi enviada um dia depois de ele morrer, afinal, só foram encontrá-lo morto muitas horas depois. No dia seguinte. Eu o encontrei.


Larguei o celular no chão me lembrando do dia 10, ultimo domingo de Kauê Shimoda.








Depois que saí do bar, me senti um montro, sai correndo pra buscar meu carro e ir encontrá-los. Pegá-los no flagra. Mas não tive essa sorte. Nem mesmo Kauê sabia, mas eu tinha uma chave de sua casa. Uma cópia completa desde a do portão á da porta.


Quando ele saiu do banho, eu estava sentado à uma das cadeiras. Ele levou um baita susto. Já estava vestido, pois se não o tivesse, teria deixado a toalha cair.


- Como conseguiu entrar? - ele perguntou surpreso.


- Não estava trancada. Por que está nervoso?


- Olha... Sérgio, antes que meu primo diga alguma coisa...


- Achou que eu não saberia, né? - levantei-me da cadeira. Ele recuou uns dois passos.


- Calma aí Sérgio. Thami deve ter lhe contado que...


- Pobre da Thami, enganando-a e com quem? Com a Vanessa Kauê! - Não aguentei e dei-lhe um soco no nariz com toda a minha força. Ele caiu pra trás batendo a cabeça na quina da mesa que era quadrada, o que fez a parte de trás da cabeça cortar-se. Ele caiu quase desmaiado no chão.


- Ai minha cabeça... - ele gemia, ou melhor, chorava.


- Isso, chora seu traidor do caralho! Cadê aquela sua frase que você queria por na sua tumba? "Que a verdade é não sei o quê, não-sei-o-que-lá." Hein? - saquei uma faca de afundei em seu peito sem me importar com sua dor ou o sangue que jorrava dali. Depois de fazer a faca ir e voltar algumas vezes, meu braço cansou e minha raiva já tinha passado um pouco. Precisava limpar a bagunça.


Sem pressa alguma, procurei um vidro de alcool que eu sabia que el tinha, do ultimo churrasco que fizemos. Passei em meu punho e no nariz dele. Limpei todos os vestígios que consegui. Começei a andar por cima de tapetes e panos. Evitei soar, limpei digitais da porta, da cadeira, mesa... Não havia nada para me incriminar.


Consigo lembrar ainda que, quando me preparei emocionalmente, quando pensei melhor no que fiz, decidi ir até lá começar o teatro. Foi então que fingi que corri até a mãe de Kauê para contar-lhe de seu assassinato. Só precisava agora acabar com a mãe e o bastardo amarelo.


Foi simples, a peguei desprevenida quando ela saia da escola onde lecionava à noite e a arrastei para trás da escola. Tapei sua boca e não deixei que ela me visse. Dei uma facada em suas costas, na região da barriga, com a intenção de matar somente o filho de uma puta, literalmente. E para me vingar dela, bati sua cabeça numa árvore, com força suficiente de deixá-la desmemoriada. Essa era a intenção na verdade. Larguei-a desacordada. Com certeza no dia seguinte eles a encontrariam. Oh, foi mal, dia seguinte é feriado das crianças. Acho que os insetos vão ter o que comer essa noite.






Mas depois dessas experiências de assassino profissional, tenho sentido coisas, ouvido coisas. Ah é, lembrei de olhar no celular para saber com qual Thami eu estava falando. Não era possível uma coisa dessas.


Mexendo nos menus de chamadas recentes em meu celular, me assustei com o impossível número para qual eu ligava e recebia as chamadas de Thami. No visor do celular, havia os caractéres impossíveis de alguma operadora: HH666. Telefône do inferno? Impossível, essas coisas não existem. Meu celular começou a vibrar na minha mão. Alguem estava ligando... um tal de HH666...


Um arrepio tomou conta de todo meu corpo. Deixei-o chamar enquanto eu olhava ligações recentes minhas no celular de Thami. Nada.


Meu celular atendeu automaticamente e ainda por cima no viva-voz. Agaixei-me na cama para ouvir.


- CALMA AÍ SÉRGIO! POR VAFOR NÃO! SOCORRO! SOCORRO! PARA SÉRGIO. - era a voz de pânico e dor de Kauê no celular. Antes de continuar aquela tortura. Taquei meu celular na parede. Pareceu funcionar pois a bateria foi para um lado e o chip para o outro. Para não enlouquecer, fui até onde eu tinha estacionado meu carro, na frente do cemitério, e iria na casa de Thamires.




Quando cheguei, tive uma surpresa em ver uma espécie de "novo velório" na sala de Thami. A Sra. Shimoda, mãe de Kauê, estava sentada no sofá, com Thami detada com a cabeça em seu colo.. A Sra. Shimoda alisava os cabelos de Thami enquando ela chorava segurando a barriga. O irmão mais novo de Thami, Victor de 17 anos, estava falando com dois médicos que estavam no portão. Quando entrei, cumprimentei-os normalmente. Sem entender exatamente o que eles faziam ali.




- Thami, o que houve?


Ela não me respondeu. A Sra. Shimoda cuidadosamente deitou a ex-nora numa almofada e veio ter comigo perto da cozinha.


- O que aconteceu com ela? - perguntei preocupado.


- Ontem, depois que a trouxe, ela jura que recebeu uma ligação de Kauê, de um número estranho que mais parecia um código, pedindo socorro. Ele queria que ela o salvasse e o tirasse das mãos e da faca do assassino.


- Ele disse... quem era? O assassino? - perguntei mostrando interesse.


- Santo Deus. Não me diga que você acredita mesmo nela? - ela olhou tristemente para os sofá onde Thami estava. - Já que a avó não está aqui para ajudá-la, eu sou a unica que pode, por isso chamei os psiquiátras para...


- Leva-lá a um sanatório? - espantei-me. - Acha que ela está louca?

- Bom... é que... além disso, ela está sofrendo de depressão desde que o Kauê morreu. Até eu, que sou mãe dele estou sendo mais forte. Mas... ela ficou assim depois que prdeu o bebê.

- Que bebê? Ela estava grávida?

- Sim, ela deu a notícia por torpedo, vê se pode?

- Não consigo entender... o celular dela estava com o Kauê.

- É que, depois que levaram você pra casa, naquele dia que você sairam, ela, meu filho e sua namorada passaram na casa dele pra acho que dar uma acordada, e também a Vanessa precisava usar o banheiro, além de lavar o rosto e etc, daí a Thami deitou-se na cama e pra esperar Vanessa e largou o celular na cama dele, esqueceu. No dia seguinte, ela mandou pelo meu celular o torpedo para o celular dela, contando a notícia da suposta gravidez. Mas ela ficou triste quando não obteve resposta.
Comecei a ficar sem ar. Não queria mais ouvir aquilo.
- Desculpe-me Sram Shimoda, ele era meu melhor amigo e... esse monte de coisas me deixa muito abalado. Preciso ir.
Aliás, eu precisava ir num lugar antes.
Com o celular de Thami, que eu esquecera de devolver, disquei o numero de Jeff.
- E aí Jeff, beleza? - eu disse com animação.
- Fala Sérgio. O que manda?
- Humm, tem como voçê me encontrar na avenida Turmalina? Perto do Parque da Aclimação?
- Agora? Tá tarde véio.
- Por favor? - insisti. - Preciso conversar com algum amigo.
-Ta bom, to indo. Te encontro em 20 minutos.
Eu o esperei pacientemente. A armadilha estava armada. Ele tinha que me contar que palhaçada era aquela. Eu tinha sacado metade dela. Como ele era formado em Hardware e em outros cursos de computação, ele sabia como hachear tanto computadores como aparelhos celulares. Seria fácil para ele codificar algum celular para aparecer o código: HH666 que poderia ser muito bem "Health hell - Saúde infernal" - que ele sempre falava quando estava gripado ou com qualquer coisa fora do padrão da saúde - e 666, o número da besta, para me assustar de alguma forma. Agora, as presenças, o corpo que atropelei na garagem e a ligação tanto pra Thami quanto pra mim, isso... não sei explicar.
- Demorei muito? - ele perguntou.
- Vamos entar no parque. - chamei com a voz seca.
Ele não entendeu muito bem, mas me seguiu. S
Senti sua respiração mudar, ele ofegava. O medo já havia o possu[ido. Eu o estava levando para um lugar vazio, onde não houvesse testemunhas para a minha faca agir.
Quando paramos perto de uma árvore de aparência bem antiga, ele disse pra me surpreender:
- Deixe-me ver a faca que está presa ao seu cinto, nas suas costas?
- Como sabe que...
- Ela parece ser feita de prata. Pois é brilhante, jamais foi usada a não ser para assassinar seu melhor amigo e sua namorada.
Eu avancei contra ele, colocando meu braço para enforcá-lo contra a árvore.
- Vai me matar como matou os pobres inocentes?
Nessa hora nem sabia mais o que fazer, a palavra inocentes me deu um forte arrempedimento num coração que eu nem tinha mais, depois ouvi um farfalhar atrás de mime um grito no mega-fone: PARADO! LARGUE A ARMA E MÃOS NA CABEÇA! DEVAGAR! - O filho da puta tinha trazido policiais. mas como ele fez para me incriminar?
- Assim como você, sou louco também, maluco, doido por facas. Ah... como elas brilham... como elas cortam facilmente a pele de alguém, é uma coisa fascinante não acha? Por isso que gostamos de matar com elas. Gosto do som que faz, e você?
- Cala essa boca seu cretino inútil - deilhe dois socos no estômago.
- MANDEI LARGAR A ARMA! AFASTE-SE DA VÍTIMA E MÃOS NA CABEÇA! - os policiais avançavam lentamente. - VOCÊ NÃO VAI SE MACHUCAR, NÃO MACHUQUE-O TAMBÉM!
- Eu só brinquei com você. Eu queria ver você matar. Saber se tinha coragem. Por que, eu vi muito você andar com a Thami e jamais nem trepar com ela. Porra, pensei que você fosse gay. Daí inventei a história mais burra e você caiu. E sabe por que? Por que você é um burro, assassino barato. Tem muito o que aprender. Te dou uma chance de se vingar quando sair da prisão. Ah, antes que eu me esqueça, acharam o corpo da Vanessa. Tive coragem de filmar e entregar pra eles. Tadinha dela, nem fez nada...
- Argh! Por quê?! - gritei pra ele enforcando-o mais uma vez Quando fui esfáqueá-lo, senti por menos que uma fração de segundo, duas balas perfurarem meu crânio. Jamais vou saber a resposta dessa minha pergunta.


Edson de Oliveira
(@eokino)
Inspirado em um de meus sonhos malucos.
Ele tratava exatamente disso, um assassino que não soube por que e como foi enganado. Foi só a loucura do primo de seu melhor amigo, que teve a satânidade de criar um plano desse só pra acabar com a vida de um digamos... amigo. E sem ter um motivo, pelo menos, que Sérgio saiba.

2 comentários:

  1. Manolo. Desse jeito tu vai assustar as Criancinhas! Beleza de Texto e História Bastante Original! Continue assim,mas não tão Malvado

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  2. Nossa, muito bom, adorei, muito emocionante, continue assim, suas historias sao incrivelmente reais, nos leva a pensar q estamos vendo a historia em nossas mentes

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