quinta-feira, 23 de julho de 2009

Lua de Mel - Parte 8


[bella]
Meu coração acelerou novamente. A sensação de poder causar nele sensações remotamente parecidas com as que ele me causava era viciante; eu não conseguia pensar em parar. Queria que aquela noite durasse para sempre. Mais uma vez não consegui acreditar que ele estava ali, que era meu, que me amava, e que estava gostando tanto de estar ali como eu. Só que desta vez a descrença era menor, e em parte substituída por uma necessidade de satisfazê-lo; eu conseguia ler em seu rosto e em sua voz como ele estava apreciando tudo aquilo. Era meu dever retribuir tudo que ele me dera.
Mas não era simples; a timidez me atacava em ondas que iam e voltavam. Depois de um tempo, eu só conseguia sentir as ondas de prazer que subiam daquele ponto e se espalhavam para todo o resto do meu corpo. Minhas mãos estavam subitamente soltas, latejando, e me tornei puro instinto. Eu não conseguia acreditar que ele nunca tinha feito aquilo antes. Uma dúvida me atravessou, será que ele tinha mentido para mim? Mas depois relaxei; ele não teria porque, e eu sempre acreditei que ele poderia fazer qualquer coisa melhor do que qualquer humano fosse à primeira vez ou na última. Ele era apenas perfeito demais. Assustadoramente perfeito.
Quando tudo terminou – e na verdade não tinha terminado, cada pausa era o prenúncio de algo cada vez mais enlouquecedor – a vergonha voltou com mais força e eu tive que me controlar para conseguir olhar para ele. Mas seu olhar desmanchou minha timidez, e consegui conversar de forma minimamente adequada. E agora, aquele desafio. Como eu conseguiria causar nele as mesmas coisas que ele me causara? Eu não tinha coragem nem de longe de fazer o mesmo que ele tinha feito comigo; só de pensar e meu cérebro tinha espasmos. Além disso, as sensações seriam as mesmas para ele? Ele reagira bastante quando estávamos na água; a verdade é que eu ainda não entendia muito bem como funcionava para mim, quanto mais para um vampiro. Inclusive fiquei durante um tempo tentando imaginar como acontecia, já que ele não estava, bem, tecnicamente, vivo do jeito convencional. Mas a dúvida se desfez nas últimas horas, quando vi que o corpo dele respondia aos meus estímulos de forma muito conveniente. Algum dia talvez eu tivesse coragem de perguntar. Hoje não.
Fiz então o que me pareceu mais certo: parei de pensar, e fiz apenas o que meu corpo tinha vontade. Voltei a beijá-lo devagar, explorando cada centímetro dos lábios gelados, sentindo que ele estremecia em contato com meu calor. Ao mesmo tempo deslizei a mão por seu corpo; fazendo um caminho parecido com o que ele fizera comigo no chuveiro; nos deitamos lado a lado e enquanto o beijava explorei as costas, o peito, os braços, quadris, ora com as palmas das mãos, ora com a ponta dos dedos. Minhas unhas estavam bem curtas, desejei que estivessem mais compridas, mas depois lembrei que provavelmente ele não sentiria mesmo. Era um dos inconvenientes de ter um namorado vampiro. Mas a sensibilidade dele para outras coisas, principalmente o contato da minha pele, parecia compensar aquela falta. Me lembrei da primeira vez que nos tocamos mais prolongadamente na clareira, do primeiro beijo que ele me deu, em como ele tinha sido esquivo e reservado; em como tinha se afastado rapidamente do contato, como se eu o queimasse. Agora era parecido, mas ele se permitia queimar, buscava o calor, a intensidade. Eu me sentia nas nuvens.
Me afastei um pouco dele, me sentando próxima a seus pés. Ele permanecia de olhos fechados, a expressão entregue, como se estivesse em outro mundo, do mesmo jeito que eu havia estado; não percebi quando ele abriu os olhos. Em determinado momento olhei para seu rosto – como eu gostava da expressão que ele fazia! – e percebi que estava me encarando, os olhos escuros, a respiração curta e rápida, eu não cansava de me surpreender com suas reações, tão humanas, e ao mesmo tempo diferentes. Notei também em seu olhar expectativa; aquilo me intimidou um pouco, era tudo tão novo, acontecera tão rápido, ontem ele mal me beijava e hoje conhecia meu corpo praticamente todo. Senti o sangue do corpo todo ir para o rosto, minha mão tremeu, mas respirei fundo e continuei. Me deitei ao lado dele, sem soltá-lo, e voltei a procurar seus lábios com os meus. Percebi que ele estava se controlando para não reagir plenamente, eu já conhecia bem a linha que se formava em seus lábios e a postura tensa. Senti um pouco de medo. Agora eu me sentia realmente brincando com fogo, as recomendações e precauções dele se tornavam mais reais.
Percebi em um determinado momento que meus movimentos estavam sincronizados com sua respiração, e com a intensidade do beijo. Senti meu corpo voltar a responder ao dele e a suas reações, a reacender lentamente, e furiosamente. O calor de meu corpo contrastava com o frio dele; os calores do ar e de minha respiração pareciam transtorná-lo numa tortura lenta e crescente. Eu podia sentir, mais do que qualquer coisa, a fome que ele sentia, em sua postura, em seu rosto, em seus olhos que se abriam e fechavam como em um delírio de febre. E inesperadamente, num movimento rápido, ele se desvencilhou de minhas mãos, rolou para cima de mim, separando minhas pernas com as dele, e nossos corpos se encaixaram. Minha reação inicial foi de protesto, de susto, mas ele a sufocou com um aperto selvagem, enquanto deslizava devagar para dentro de mim em um movimento forte do quadril, provocando uma dor aguda onde antes só houvera prazer, misturada com uma sensação completamente nova de ânsia. O protesto de dor foi sufocado também por seus lábios, que morderam os meus, enquanto ele se movia novamente, causando uma segunda onda de dor, essa mais leve, enquanto a ânsia crescia. Ele percebeu minha agonia, e ficou imóvel, sobre mim, dentro de mim, esperando. A respiração dele estava acelerada de uma forma que eu jamais vira, e agora meu medo era absoluto. E se ele não conseguisse se controlar?
Mas de alguma forma ele conseguiu, e sua respiração foi desacelerando aos poucos, enquanto ele permanecia imóvel. Depois de um tempo que não consegui precisar, ele voltou a se mover. E então eu já quase não sentia dor. Foi quando ele ergueu a cabeça para me olhar, e eu desejei que a noite estivesse apenas começando.

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